“Descobri que para o Estado eu não sou mãe dos meus filhos”
E+ 7 frases para acalmar as crianças
#0253| Quarta, 02 de dezembro de 2020
Bom dia Mater! O mantra para dezembro é “inspira, respira, não pira…”. E mais uma vez… E outra…🤣🧘🏾♀️😷
Frases para acalmar seu filho
Esse sentimento vai passar.
Eu sei como é isso. Eu também sinto às vezes.
Como posso te ajudar?
Se isso que você está sentindo fosse um monstro, como ele seria?
Vamos inspirar juntos a assoprar uma vela bem devagar?
Você quer um abraço?
Nem sempre as coisas são como a gente quer. É assim mesmo.
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Tão longe, tão perto
Uma professora conta uma história para seus alunos, em uma aula online. Apesar dela estar longe, em Gaza, na Palestina, certamente professoras e professores aqui do Brasil vão se identificar.
IMAGEM: APA IMAGES/REX/SHUTTERSTOCK
“Minha reação foi desligar o celular e chorar um choro de tristeza e apagamento”
Marcela Tiboni, mãe, ativista e escritora, conta sua história
A maternidade é plural e diversa. Entretanto, o reconhecimento por parte das instituições caminha a passos lentos. A escritora Marcela Tiboni é autora do livro MAMA: um relato de maternidade homoafetiva e descobriu recentemente, de forma inesperada, que não constava como mãe de seus filhos para a Receita Federal. Ela iniciou um movimento nas redes chamando atenção para a questão e rapidamente ganhou os holofotes. Faz oito anos que o casamento homoafetivo foi reconhecido no Brasil. Mas desde lá a Receita Federal não ajustou o seu sistema e casais com filhos compostos por duas mães ou dois pais não são reconhecidos. Além da dor de se sentirem invisibilizados, há implicações práticas. Casais formados por duas mães ou dois pais não conseguiram o auxílio emergencial do governo, por exemplo. Outros não conseguem tirar o passaporte das crianças. Eu conversei com Marcela Tiboni para entender melhor tudo isso.
Qual a história da sua maternidade junto à sua esposa Melanie Graille?
Eu e a Mel nos conhecemos em 2013, em agosto. Começamos a namorar em novembro. Desde o começo tínhamos a vontade de ter filhos. Na época eu desejava engravidar, ela também. Em 2017, quando decidimos levar o projeto adiante, já sabíamos que teríamos que passar por médicos, clínicas e que o processo seria todo organizado. Diferente de um casal hetero que tem uma noite de amor que pode ou não resultar em um filho. Sentamos para conversar sobre a gestação e foi aí que percebi que nunca quis, na verdade, engravidar. Esse era um desejo construído pela sociedade que diz que para uma mulher ser mãe ela precisa passar por uma gestação. Fui entendendo que sempre tive medo de engravidar. Minha mulher poderia, então, viver o desejo de engravidar e eu poderia me tornar mãe sem passar pela gestação. No final de 2017 começamos o processo da fertilização e ela engravidou em 2018.
Como é a sua rotina com as crianças?
Bernardo e Iolando estão com 2 anos e 3 meses. Nossa rotina na pandemia é meio “desrotinada”, eles têm acordado entre 7 e 8 da manhã. Moramos em uma vila, então logo saímos para a vila, eles andam de bicicleta, desenham com giz, brincam na piscina. Às vezes fazem uma soneca de manhã. Almoçam e à tarde vão para um quintal de brincar. Voltam, brincadeira, e vão dormir. Temos uma pequena rede de apoio, amigos aqui da vila e minha mãe que nos ajudam. Eu sou escritora e a Mel arquiteta.
Como você descobriu que não constava como mãe dos seus filhos na Receita Federal?
Recentemente um casal de mulheres me escreveu dizendo que estava há muitos meses tentando o auxílio emergencial do governo, mas ocorria um cruzamento de dados e elas não conseguiam concluir o cadastro. No CPF de uma das mulheres ela constava como gênero feminino, mas no CPF do filho ela constava como gênero masculino. Isso a impedia de concluir o cadastro. Fiz essa denúncia em um post, contatamos advogados, mas não conseguimos resolver a questão. Outra seguidora, mãe de gêmeos também, me escreveu dizendo que entrou no sistema do CPF e não constava como mãe dos seus filhos, só sua esposa. Eu resolvi fazer o mesmo. E então vi o aviso de que Marcela Tiboni, meu nome, não coincidia com o nome da mãe dos meus filhos. Quando preencho o cadastro com o nome da Melanie, minha esposa, aí sim temos acesso ao cartão do CPF das crianças.
Marcela amamentando os gêmeos quando eram bebês
Como você se sentiu?
Minha reação na hora foi desligar o celular, olhar para a janela e começar a chorar um choro silencioso. De tristeza, de apagamento, solidão. Porque são dois anos maternando meus filhos, com muitas batalhas, e com uma certidão de nascimento em que meu nome está impresso. Mas para o órgão maior do governo brasileiro, a Receita Federal, eu não sou mãe dos meus filhos.
Como estão as informações na carteira de identidade das crianças?
Tanto a certidão de nascimento quanto o RG, impressos, descrevem “filiação” para qualquer casal, no Brasil, hoje. No impresso é possível colocar duas mães ou dois pais. Nossa grande discussão é que esse papel não adianta nada se no sistema digital, constam ainda os campos “mãe” e “pai”. Estamos à mercê da figura que está preenchendo a ficha. Onde ela vai colocar nosso nome? Estamos no meio de uma pandemia, tudo é feito no digital. O papel impresso não adianta nada. Não é possível avançar na tela do sistema da Receita Federal para realizar diversos procedimentos porque não existe cadastro possível para os casais homoafetivos.
Depois que você se manifestou muitas famílias disseram viver a mesma coisa?
Todas as famílias homoafetivas brasileiras passam pelo mesmo problema. Não existe nenhuma família que tenha um formato diferente. Hoje me escreveu a Fabi, ex-jogadora de vôlei da seleção brasileira. Ela é casada, lésbica, tem uma filha e estava indignada porque descobriu a mesma coisa. Estou recebendo muitos relatos. Essa questão não é só minha nem só de duplas de mães. É de todo casal homoafetivo de dupla maternidade ou dupla paternidade. E um homem hetero que faz uma adoção solo vive a mesma coisa. O campo “mãe” fica vazio e, desse modo, no sistema da Receita Federal, ele não consegue avançar.
O que é preciso mudar para que seja possível registrar duas mulheres como mães de uma mesma criança?
É a pergunta que estamos fazendo para a Receita Federal. O que eles precisam fazer para que, de fato, o sistema aceite a dupla maternidade e dupla paternidade? Temos algumas sugestões, como aumentar os campos “mãe” e “pai”. Fazer dois ou mais campos para as categorias “mãe” e “pai”. Na certidão de nascimento já é possível reconhecer mais de um cuidador, mais de um pai ou mais de uma mãe. Mas é só um papel, uma alegoria, porque, na prática, as coisas funcionam pelo digital.
Mater, recentemente descobri o site da Aprendizagem Criativa e fiquei encantada. Além de ser muito bonito e ótimo de navegar, ele traz jogos e brincadeiras separados por faixa etária. Teatro de sombras, Museu da Memória e Banda de Balde são algumas das ideias. Vale a visita, este é o link.
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Meu nome é Livia Piccolo e sou mãe do Raul, de 4 anos. Trabalho como roteirista e dramaturga. Sou apaixonada por boas histórias e por uma comunicação real e afetiva. Quero conversar com você e compartilhar tudo o que pudermos nesta incrível jornada que é ser mãe.
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